Algumas das principais pautas são um jogo do Michael Jackson para Mega Drive, um clássico RPG do Super NES, a coleção de remakes e adaptações recebidos por Super Street Fighter II, uma entrevista com o garoto propaganda do Sega Saturn, um dossiê das atividades da Atari no Brasil e uma lista bem humorada com 25 razões para se odiar (e duas para se amar) Yo! Noid, um jogo de NES. Ou seja, nada que tenha acontecido nos últimos dez, talvez quinze anos.
E mesmo assim a Old!Gamer, nova revista de games da Editora Europa a chegar nas bancas do Brasil, é muito provavelmente a mais moderna publicação impressa de games que você pode sair de casa agora mesmo e comprar na banca enquanto faz de conta que não está olhando de canto de olho para as capas das revistas pornográficas da prateleira de cima.
A começar pelo nome, que se apropria de forma criativa de um dos jargões mais irritantes proferidos pelos gamers chatos em fóruns e comentários de blogs (outros blogs, não o Continue — aqui só tem gente legal como você que está lendo). Sim, a mídia impressa, que alguns consideram ultrapassada e antiquada, olha para internet e a enxerga não como uma ameaça, mas como fonte de inspiração.
E não é só isso: pequenos detalhes que gritam modernidade estão por toda parte. Uma legenda referenciando um clássico da Sessão da Tarde com Tom Hanks. Uma brincadeira de Photoshop que colocou Phoenix Wright e seu dedo em riste em uma screenshot da cena do julgamento de Chrono Trigger. A firmeza com que o pixel (de preferência estouradaço) foi conscientemente apropriado como unidade básica da diagramação e abraçado como objeto de adoração. A forma como as mesmas telinhas de jogos que apareciam borradas e disformes nas revistas da década de 90 hoje são recapturadas, polidas e montadas em mapas, panoramas e montagens que, impressas, são obras de arte por si mesmas.
Quem escreve na Old!Gamer sabe que está realizando algo diferente, algo inédito, algo que sai de um gamer apaixonado para outro gamer apaixonado. E isso inevitavelmente permeia os textos. Não dá pra apontar exatamente como ou por que, mas quando você ler, você perceberá — eles têm um sabor diferente.
É claro que a revista tem erros. Tem uma vírgula onde deveria ter um M em alguma palavra perdida. Tem um texto cujas últimas palavras foram cortadas e ninguém percebeu. Tem outro que estoura o box onde está contido. Faltam algumas crases aqui e acolá. Mas estamos falando da edição número 1 de uma revista que tem tudo para ir longe. Além do mais, erros assim são irrelevantes perto do conteúdo de qualidade.
Talvez este post tenha causado em você uma vontade de levar a revista para casa. Mas uma coisa eu garanto: mesmo que você não tivesse lido nada disso, sendo você um amante desta forma de arte que chamamos de videogames, você dificilmente resistiria a comprá-la ao dar uma rápida folheada, de pé, na banca. É uma pena que o preço assuste tanto, e que, por culpa do dispensável pôster de Super Mario Bros que vem de brinde, a revista venha embalada em um plástico que torna esse folheio impossível.